quarta-feira, dezembro 19, 2012

Livro: Cidade dos Ossos, Cassandra Clare

"Os dois rapazes tinham parado na porta e pareciam estar consultando um ao outro. O loiro colocou a mão no casaco e alcançou um objeto longo e afiado que brilhava sob as luzes estroboscópicas. Uma faca."

É engraçado como pequenas coisas podem mudar nossas vidas para sempre. Por exemplo, se Clary Fray não tivesse convencido seu melhor amigo Simon a ir à boate Pandemônio naquela noite, se não tivesse dado atenção àquelas duas figuras peculiares que, mesmo discretas e vestidas de preto, se destacavam na multidão, se não tivesse visto suas armas e pensado em fazer alguma coisa... sua vida ainda seria a mesma.

Muitas coisas estranhas aconteceram naquela noite, cada uma delas relacionada àqueles dois jovens e ainda a uma menina muito bonita de vestido branco, que parecia conhecer-lhes. Os três (que por algum motivo misterioso, só Clary era capaz de ver) emboscaram um menino de cabelo azul num depósito, onde, depois de lhe fazerem perguntas referentes a demônios, o mataram, e Clary presenciou o desaparecimento no ar do corpo do menino.

Cidade dos Ossos, o primeiro livro da série de até o momento três livros publicados no Brasil, Os Instrumentos Mortais, é ambientada em Nova York. E é num bar no Brooklyn, no dia seguinte aos eventos suspeitos no Pandemônio, que Clary reencontra Jace, um dos meninos do dia anterior. Mais especificamente, o que matara o garoto. Jace é bonito, tem lindos cachos loiros, um sorriso atraente, além do sarcasmo e arrogância que tem se mostrado muito presentes nos mocinhos da literatura atual. Mas todas essas coisas somem da mente de Clary assim que ela descobre que um demônio entrou em sua casa, e, pior ainda, sua mãe foi sequestrada. E dessa forma Clary torna-se parte de um mundo do qual nem sabia a existência poucos dias antes: o mundo dos Caçadores de Sombra, dos matadores de demônios.
Jace Wayland (fanart de
autoria desconhecida)

"– Demônios – disse o menino louro, escrevendo a palavra no ar com o dedo. – Religiosamente definidos como habitantes do inferno, os servidores de Satã, mas entendidos aqui, para os propósitos da Clave, como quaisquer espíritos malevolentes cuja origem se dê fora da nossa própria dimensão habitacional..."

Quando comecei a ler Cidade dos Ossos minhas expectativas eram, sinceramente, baixas. A maioria, senão cada um dos livros que li do gênero, eram compostos por uma protagonista bobinha que descobre ser superespecial + mocinho estonteantemente lindo (como já vi descrito em um livro que, só para registrar, desisti de ler no mesmo instante) + criaturas sobrenaturais malignas que geram confusões das quais só se pode sair se a) a bobinha superespecial descobrir uma forma supergenial (e forçada) de vencer os monstros ou b) o mocinho estonteante salvar a bobinha superespecial e toda a cidade também. Não vou citar nomes.

Mas Cidade dos Ossos (apesar de, essencialmente, seguir a fórmula) de alguma forma foge à regra. Clary é a primeira personagem principal feminina de quem não sinto uma raiva excruciante, mesmo porque ela não é burra ou bobinha, e pode até se revelar especial, mas não melhor do que ninguém. Em momento algum tem aquelas crises de pena de si mesma, por pior que esteja a situação, e, sim, é um pouco impulsiva, mas não vive tomando decisões idiotas que acabam com a vida de todo o mundo, como muitas protagonistas por aí. O que mais gosto em Clary é que ela não costuma ter reações exageradas às suas descobertas. Tudo bem, talvez alguns classifiquem isso como falta de reação de sua parte, mas eu, particularmente, não gosto de ficar lendo lamentos sobre como tudo em que se acreditava ruiu diante dos seus olhos, e como gostaria de ser qualquer outra pessoa menos a princesa das princesas das princesas.

Clary Fray (fanart de
 autoria desconhecida)
E Jace... Bem, Jace é irrevogavelmente o mocinho estonteantemente lindo, e, como já disse, sarcástico e arrogante, dois pré-requisitos para qualquer príncipe encantado da atualidade. Mas é um personagem bem construído e complexo (como é, na realidade, cada um dos personagens de Cassandra Clare) e, devo dizer, apaixonante.

E, por fim, as criaturas sobrenaturais; sim, existem, e não são poucas. Vampiros, lobisomens, Nephilim (mistura de anjos e humanos: Caçadores de Sombras), demônios, feiticeiros, fadas, sereias... Apresentados de maneira criativa. Os Nephilim, por exemplo, cobrem-se de Marcas antes das batalhas, que são basicamente desenhos que pintam na pele que podem ter funções desde a proteção até o auxílio no manejo das armas.

Minha maior crítica é a tradução do livro. Alguns trechos estavam mal traduzidos (por exemplo, na página 25, Jace diz algo "silenciosamente") e outros mal revisados, como "...Magnus, utilizando o pé para colocar aqui Presidente Miau atrás dele...". E quanto à autora, a crítica é que ela não explicou bem a função de objetos fantásticos e você pode se confundir quanto a o que exatamente faz uma estela, uma lâmina serafim...

O enredo de Cassandra Clare é original e viciante. Resolvendo ler, prepare-se para muita ação e personagens cativantes, que não vão te deixar desgrudar do livro. A leitura não é difícil e o único pré-requisito é ser fã do gênero - aliás, de bons livros do gênero.

Lily Collins e Jamie Bower
“Se havia uma coisa que ela estava aprendendo com tudo isso, era a facilidade com que é possível perder tudo que se pensa que será para sempre.”

Cidade dos Ossos ganhará um filme com Lily Collins (Karen Murphy, de Sem Saída, e a Branca de Neve, de Espelho, Espelho Meu) e Jamie Campbell Bower (o Rei Arthur, da série Camelot, e o vampiro Caius, da Saga Crepúsculo). Não estou esperando muito, mas com certeza vou assistir. Confira o trailer abaixo:


Até mais, 
Gih

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