segunda-feira, janeiro 21, 2013

Filme: Deus da Carnificina

Penélope (Jodie Foster) e Michael Longstreet (John C. Reilly) só querem que tudo se resolva civilizadamente quando Ethan, fiho deles, é agredido por Zackary, filho de Nancy (Kate Winslet) e Alan Cowan (Christoph Waltz). Na ausência das crianças, convidam os Cowan para conversar sobre a agressão em sua casa. E o que acontece durante essa visita é o retrato perfeito do ser humano nos dias de hoje.

Deus da Carnificina tem um nome capaz de confundir as pessoas. Aquelas que apertam play esperando ver sangue, mortes e cadáveres podem se decepcionar com a comédia dramática. 

Não, nada de carnificina. Nem haveria como, considerando o reduzido número de personagens (os quatro principais são quase que os quatro únicos) e cenários (quase exclusivamente uma sala de estar ). E esses números nos levam a pensar nas origens do filme. Deus da Carnificina é baseado no peça God of Carnage, da dramaturga Yasmina Reza. É impossível não imaginar, conforme o filme se desenrola, como teria sido assisti-lo num teatro, pois a história é muito mais teatral do que cinematográfica.


Esse fato não faz Deus da Carnificina pior. Na verdade, seria tolice não gostar do filme só por esse motivo, quando seu enredo é tão bom. Como já disse, é o retrato da situação humana. Como um Cosmópolis menos explícito.

A cada momento que os Cowan passam na casa dos Longstreet, eles se tornam menos escrupulosos e educados, falando cada vez mais o que pensam. É como se a máscara que cada um usa para esconder dos outros suas fraquezas fosse rachando, as aparências derretendo, e no final todos mostram quem realmente são: o exato contrário do que foi mostrado a princípio.

O começo do filme é um tanto... angustiante. Apesar de todos se esforçarem para concordar com o que os outros diziam, a impressão que dá é que os quatro acabarão se matando. Mas, conforme os minutos vão se passando, você relaxa, ri um pouco, e testemunha a regressão para o primitivo, na personalidade e no comportamento dos casais.

Enquanto Penélope é a típica mulher politizada, civilizada e defensora da boa vizinhança e da igualdade, Nancy é a esposa e mãe exemplar. Michael, o marido esforçado e atencioso, e Alan, o que só pensa em trabalho e não se importa muito com o que acontece em casa. Mas não espere que esses rótulos se sustentem por muito tempo.

Não se poderia pedir mais das atuações. Mas a excelência já era de se esperar, considerando os atores premiadíssimos. Todos já foram ao menos indicados ao Oscar, e se deram bem até nesse filme específico, que tanto lembra uma peça. Imagine a dificuldade de gravar cenas tão longas. Um filme, ainda, com poucos personagens e, portanto, mais falas para cada um.

A situação apresentada em Deus da Carnificina, embora propositalmente exagerada para evidenciá-la, é, eu diria, muito realista: a forma como os adultos vão se rebaixando.  Embora tratando de crianças, agem com mais infantilidade do que as próprias. E o final... Brilhante.

Veja o trailer do altamente recomendado Deus da Carnificina aqui.

Até mais,
Gih

4 comentários:

  1. Eu NUNCA tinha ouvido falar desse filme, mas agora não vejo a hora de assisti-lo. primeiro que rever a Jodie Foster vai ser emocionante, já que eu nem consigo lembrar qual foi a última película que assisti com ela. Depois que o enredo parece maravilhoso.
    Adoro obras que retratem o comportamento humano, e essa me pareceu ser uma que o faz tão bem que não tem como não se apaixonar logo de cara - mesmo que só tenha lido sua resenha.
    Obrigada pela dica, Gih! Quando assistir o filme digo para você o que achei!
    Abraço!

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    1. Oi!
      Eu também ouvi falar do filme há pouco tempo, mas aluguei sem nem fazer ideia do que se tratava. Quando me indicaram, só disseram "você precisa assistir". Então fiquei muito feliz por ser realmente bom.
      Acho que você vai gostar. Não esquece de me dizer o que achou!
      Beijos!
      Gih

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  2. Oi Gih!
    Bom, apesar de ter um namorado cinéfilo nunca ouvi falar desse filme mas pela sua resenha percebi que é uma ótima pedida. Com certeza já vou dar um jeito de olhar e logo em seguida falo pra você minha opinião.

    Beijinhos
    Books and Movies

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    1. Oi!
      É mesmo muito interessante. Vou ficar esperando a sua opinião sobre ele! Espero que goste.
      Beijos!
      Gih

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